terça-feira, 10 de novembro de 2009

Bonner


É como ver os monstros que você sempre adorou agora saltando para fora da televisão. É como um pesadelo bem delicado. É como andar por corredores intermináveis e não ver a vida passar. É como o túnel de Ernesto Sábato, é como o sorriso de William Bonner. É como sentir uma pitada de domingo todos os dias da semana. É como adiantar seu alarme. É como flutuar. É como ter todas estas câmeras na cabeça; É como matar e ser feliz. É como se atirar do útilo andar e continuar vivo. É como estar sempre atrasado para alguma coisa que não se sabe bem o que é. É como se sufocar dentro da lente. É como uma guilhotina gentil. É como ser o rei do baixo astral. É como ver semideuses na sala de maquiagem. É como ser repórter deste desespero. è como viver de ruínas. É como apertar o botão. É como ser realmente o que se é, mas aí tem estas estradas complicadíssimas e tem-se que apertar play. É como esvaziar tudo. É como ser este o único jogo que ainda se resta para jogar. É como ter sempre um gosto leve de metal por de trás da língua satisfeita. É como a navalha da alegria. É como um monstro imundo. É como ser o rei de seus próprios cadáveres. É como ter a chave. É como uma beleza cega. É como tatear cronômetros. É como tentar beijar o tempo. É como carregar planetas. É como carregar óculos escuros.

E aí Bonner, vamos jogar?

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