sábado, 12 de fevereiro de 2011

E os tigres cravaram as garras no horizonte do Prosa & Verso de hoje, dia 12 de fevereiro, saiu 1 sinopse sobre meu livro na seção de lançamentos.

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Novo mundo

Te deixo aqui como uma estátua terminada. Em sua tecnologia sonhada, a poética do concreto nos despeja três mil anos de Dionísio para serem devorados. O peso nos deixou levíssimos demais....a escuridão nos luziu. Os encarcerados do filme olham e nada entendem, já não conseguem mais escapar. Te alago no cimento. Te seco nesse mar.

O cinismo é a sabedoria dos vencedores; pura estátua nos ponteiros de carne. Como órfãos da tempestade, cada planeta carrega o nome de sua pele, cada placenta traz sua casca gravada na viva cal das plumagens do cabelo. Deuses dementes não deixam a cidade dormir. Nossas margens se derretem na nébula do cotidiano. Duraremos pelas esquinas, no transe solar de engenharias amplificadas por guitarras dissonantes de vazio, na solidariedade de dois abismos. O engenheiro quer abolir a noite, mas nenhum engenheiro jamais abolirá o fato de que a localização poética soterrará a localização geográfica.

Eu te agradeço Spielberg pelo lixo de cada dia, eu te agradeço Spielberg pelo caos portátil. Meus sonhos foram sepultados em 1972, e eu não era nem nascido. Nasci sobre as ruínas de um mundo imaculado, nada me pertence mas eu desconfio que o mundo atual seja bem melhor. Carregando esse vídeo game estúpido dentro do peito, nasci com uma máquina de fazer inferno e de fazer poesia. Eu te agradeço Spielberg por tudo. Eu te agradeço Spielberg mesmo assim por tanta ilusão. Desconfio das idéias,sei que todo poema é uma navalha.

Vamos caminhar depois do tiroteio? O blecaute nos iluminou. O novo mundo é bem bonito nas telas da cidade.


quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

babylonest

Existem palavras feitas para serem lidas no escuro. Dias estranhos, melhor escapar daqui. Dias bonitos, aos vencedores: o dia. Muros brilham nas argamassas dos perdedores. Aviões de chumbo voam na tua retina verde, como sementes para os olhos, o aquário escorre escorre escorre........ projeções de Monica Vitti; dilúvios de Chernobyl. No meio do parto você rasga meus poemas com os dentes, de repente estrelas descem do teto, o lilás é só para iludir. Estúpidos girassóis entopem tua casa, girassóis fecundam a lapela da tua camisa, a fechadura te alaga todo, ela está grávida de sol. E como diria Edu Planchez: só uma alma de diamantes pode reconhecer outra alma de diamantes; só o fogo purifica o fogo. "E quem é que precisa de maus governos, se todos nós somos presidentes do universo inteiro?". Aqui não existem princesas, somente belas salas. Aqui se anda de deserto coberto pelas quatro tardes. Aqui nenhuma morfina nenhuma tomada. Aqui sempre uma frase pronta no cotovelo das horas. Algo como um aleluia ou um assalto. Aqui nunca se entende muito bem o que os cowboys fazem dançando música eletrônica no meio daquele deserto de lá; no deserto de cá esses óculos escuros me cabem muito bem. No espelho do que não vejo, navalha. Por de baixo o segredo; como uma artéria inchando, como um peito de areia, nenhum alto-falante me guia. Aqui sou caça bem suponho nessa superfície de antenas; nesse presente exposto até a última artéria; iluminado por todo aquele escuro de nós mesmos e belas guitarras dissonantes; poetas cuspindo um dia-a-dia tecido em balões de ar. Aqui o meu acaso bem pago. Aqui essa tela de prêmio e os despertadores que me desaceleram. Antonioni estava certo; tenho febre de espaços. Agora transparente não espero, passo. Mastigo alguma lua de chiclete, as aparências não iludem; Antonioni estava mais do que certo. Ela tinha flores no cabelo. Eu escapei pelas paredes. Ela tinha paredes no cabelo. Quero radiografar tudo; um aquário infinito em uma cortina de areia, todos os desertos do mundo sorrindo no meu fim. A leveza é um peso insustentável.

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

pelo avesso











Te encontro pelo avesso, nas sombras das estátuas. Astronautas trazem na pele um sol sonâmbulo; homens de aço e de treva. A lua dá o eixo para se flutuar. Astronautas entregam às feras suas cicatrizes. Incandescentes como qualquer manto de pó. Mares se enfurecem sob seus pés. Os sonhos são as âncoras do nosso absurdo. Os assombros incendiarão suas asas. Estas são suas núpcias de fogo. Seres em chama se alimentam da poeira dos acasos. Este é o mundo dos átomos e das estrelas que despencam para sempre. A incerteza é a religião dos tigres. Mas, o que foi feito das manchas solares? E quantos sonhos vermelhos sustentados por estas garras? O vampiro é o rei da escassez. O coro é implacável. Este é o lugar onde os planetas nascem ao contrário. Raio sem trovão, precipício sem margem, náufrago sem destroços, âncora sem mar; trampolim sem chão.