as noites em que você luta melhor
são
quando todas as armas estão apontadas
para você,
quando todas as vozes
lançam seus insultos
enquanto o sonho está sendo
estrangulado.
as noites em que você luta melhor
são
quando a razão leva
um chute no
estômago,
quando as carruagens da
melancolia
te
cercam.
as noites em que você luta melhor
são
quando o riso dos idiotas
preenche o
ar,
quando o beijo da morte é
confundido com
o amor.
as noites em que você luta melhor
são
quando o jogo é
arranjado,
quando a multidão exige
o seu
sangue.
as noites em que você luta melhor
são
numa noite como
essa
quando você expulsa
do teu cérebro
mil ratos sinistros,
quando você se rebela contra o
impossível,
quando você se irmana
dessa terna
alegria e
segue em frente
(Charles Bukowski - "Indiferente", em "Maldito Deus arrancando esses poemas de minha cabeça")
terça-feira, 6 de novembro de 2018
segunda-feira, 24 de setembro de 2018
Não como o
gigante bronzeado de grega fama,
Com pernas
abertas e conquistadoras a abarcar a terra
Aqui nos
nossos portões banhados pelo mar e dourados pelo sol, se erguerá
Uma mulher
poderosa, com uma tocha cuja chama
É o relâmpago aprisionado e seu nome
Mãe dos Exílios. Do farol de sua mão
Brilha um
acolhedor abraço universal;
Os seus suaves olhos comandam
o porto unido por pontes que enquadram cidades gêmeas.
Os seus suaves olhos comandam
o porto unido por pontes que enquadram cidades gêmeas.
“Mantenham
antigas terras sua pompa histórica!” grita ela
Com lábios
silenciosos "Dai-me os seus fatigados,
os seus pobres,as suas massas encurraladas
ansiosas por respirar liberdade,
os seus pobres,as suas massas encurraladas
ansiosas por respirar liberdade,
O miserável
refugo das suas costas apinhadas.
Mandai-me os
sem abrigo,
os arremessados pelas tempestades,
os arremessados pelas tempestades,
Pois eu ergo
o meu farol junto ao portal dourado!"
Emma Lazarus, 1883, “The New
Colossus”
quarta-feira, 12 de setembro de 2018
Se a solenidade, a postura douta, as estátuas e as ruas com
sobrenomes fossem proporcionadas ao pensar profundo, quão pouco dessa estofa
haveria: o viver não precisaria de tanta paciência nem abundaria tanta tentação
de uma vileza em troca de celebridade. Por enquanto, a profusão de estátuas,
aniversários, volumes de história, sobrenomes de esquina e escritos da segura
virtude fazem muita suspeita essa sociedade da perdoável pobre gente que somos
todos; os sobressalta notar tanto trabalho dos homens por parecerem bons, numa
civilização tão apaixonada pelas fechaduras Yale e pelos bons modos, armadilha
para adoecer vítimas. Cidades de melhor gosto teriam ruas chamadas de Chuva do
Despertar, o Caminho Orvalho cruzado pela avenida do ‘Homem Não Idêntico’.
(...). Cumpriu-se a beleza da não História; foram suprimidas as homenagens a
capitães, generais, advogados, governadores, nas quais não se recorda o nome de
nenhuma magnífica obra desnorteada de vida; (...) Praças e parques com os nomes
das máximas vivências humanas, sem sobrenomes; (…). Foram deportadas todas as
estátuas que enlutam as praças, e seu lugar foi ocupado pelas melhores flores;
apenas se substituiu a de José de San Martín por uma simbolização do ‘Dar e
Partir’. Enfim, na cidade presentista algo fez o tempo não transcorrente, como
a história, e sim um Presente fluído, com memória só do que volta
cotidianamente a ser, não do que não se repete, como os aniversários. Por isso
o almanaque da cidade tem 365 dias de um só nome: ‘Hoje’, e a avenida principal
se chama também ‘Hoje’. (...) A cidade se deslocou sobre seu eixo girando seu
perímetro alguns centímetros. (...) De volta à estância ‘O Romance’, davam-se
os bons-dias. Mas a Eterna voltou à noite para Buenos Aires, e eu sei para quê.
Para atribuir às duas Praças Centrais os nomes da ‘Cidade sem Morte’ e ‘Dos
Homens Não Idênticos’; essas denominações se completavam na ligação de uma
Praça com a outra. (O não idêntico está isento de morte.)
(Macedonio Fernández, Museu do romance da
Eterna, 1967).
terça-feira, 14 de agosto de 2018
COMO EU ESCREVO
Foi publicada hoje uma entrevista sobre meu processo de escrita para o projeto “COMO EU ESCREVO”. Nela, conto um pouco do que mudou desde o meu primeiro livro (Poemas para se ler ao meio-dia, 2006) até o último (Máquina de fazer mar, 2016). A quem interessar possa, aqui segue o link: https://comoeuescrevo.com/augusto-guimaraens-cavalcanti/
segunda-feira, 6 de agosto de 2018
RUÍDO MANIFESTO
Aqui, quatro poemas inéditos meus que foram publicados hoje na Ruído Manifesto; a quem interessar possa, segue o link: http://ruidomanifesto.org/quatro-poemas-de-augusto-guimaraens-cavalcanti/
terça-feira, 15 de maio de 2018
Rua do Mar
Aqui, o poema inédito que escrevi para se transformar numa instalação e em 1 vestido-poema na abertura da Anna Vic.
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