segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Paranoia com brócolis 2

Paranoia com brócolis 2

Abutres simpáticos te bicam o fígado, abutres com brócolis. Abutres rasgam as madrugadas, mais atraentes do que qualquer novidade. Abutres te trazem o jornal, como uma linguagem que nunca se cicatriza. Aves grávidas de selva, desastres com brócolis. Abutres aparecem quanto menos aparecem. Inevitáveis abutres dilaceram as individualidades, tão tensos como os abutres alisando os fígados dos maus poetas. Abutres dilaceram as caricaturas, abutres são urubus nos vãos das escadas. Pássaros de asas tortas, tão medrosos quanto as paranoias com seus abutres atravessados. Abutres podem ser instantâneos e sangrar por 15 suaves minutos na lama da vida. Abutres atraentes entopem as avenidas de ímãs, abarrotam as antemanhãs de charme. Abutres são flores nos teus pulsos, tensas carícias tristes. Abutres amordaçados te fazem carinho, te apunhalam chovendo uma chuva que brota do chão. O canto das ambulâncias ecoa como sereias sinalizando sirenes mitológicas bicando o fígado das cidades. Abutres com brócolis. Cria corvos que te sacarão os olhos. Para sentir o eclipse basta ter pele.

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