quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

babylonest

Existem palavras feitas para serem lidas no escuro. Dias estranhos, melhor escapar daqui. Dias bonitos, aos vencedores: o dia. Muros brilham nas argamassas dos perdedores. Aviões de chumbo voam na tua retina verde, como sementes para os olhos, o aquário escorre escorre escorre........ projeções de Monica Vitti; dilúvios de Chernobyl. No meio do parto você rasga meus poemas com os dentes, de repente estrelas descem do teto, o lilás é só para iludir. Estúpidos girassóis entopem tua casa, girassóis fecundam a lapela da tua camisa, a fechadura te alaga todo, ela está grávida de sol. E como diria Edu Planchez: só uma alma de diamantes pode reconhecer outra alma de diamantes; só o fogo purifica o fogo. "E quem é que precisa de maus governos, se todos nós somos presidentes do universo inteiro?". Aqui não existem princesas, somente belas salas. Aqui se anda de deserto coberto pelas quatro tardes. Aqui nenhuma morfina nenhuma tomada. Aqui sempre uma frase pronta no cotovelo das horas. Algo como um aleluia ou um assalto. Aqui nunca se entende muito bem o que os cowboys fazem dançando música eletrônica no meio daquele deserto de lá; no deserto de cá esses óculos escuros me cabem muito bem. No espelho do que não vejo, navalha. Por de baixo o segredo; como uma artéria inchando, como um peito de areia, nenhum alto-falante me guia. Aqui sou caça bem suponho nessa superfície de antenas; nesse presente exposto até a última artéria; iluminado por todo aquele escuro de nós mesmos e belas guitarras dissonantes; poetas cuspindo um dia-a-dia tecido em balões de ar. Aqui o meu acaso bem pago. Aqui essa tela de prêmio e os despertadores que me desaceleram. Antonioni estava certo; tenho febre de espaços. Agora transparente não espero, passo. Mastigo alguma lua de chiclete, as aparências não iludem; Antonioni estava mais do que certo. Ela tinha flores no cabelo. Eu escapei pelas paredes. Ela tinha paredes no cabelo. Quero radiografar tudo; um aquário infinito em uma cortina de areia, todos os desertos do mundo sorrindo no meu fim. A leveza é um peso insustentável.

Nenhum comentário:

Postar um comentário