domingo, 4 de dezembro de 2016

Os cartazes sustentam o ar
A nebulosa dos olhos faísca na gramática da noite
Um mar saído do éter da eternidade transborda
seus sonhos de naufrágios; no escuro é possível brilhar mais

Os espelhos são os maiores responsáveis
pelo nascimento do dia
A música vem de dentro;
o mar não deságua em trevas

Densos espelhos captam mares
de outros meridianos, céus esvaídos por lunetas,
estrelas perdidas pelas calçadas

O éter do dia é obra da noite:
a claridade que transtorna a tessitura do escuro,
a noite refaz a aurora em desassombro

Objetos transbordam suas brechas,
os nomes quase nunca palpáveis,
o sangue circula sem ninguém precisar ordenar

O mar assiste ao deschorar das coisas:
melancólicos trópicos a ecoar e escoar
nos limites do mundo, o mar
sem fundo, o mar
dentro do mar

Sugar o açúcar e lhe devolver o sugar
Sugar o açúcar e lhe devolver o amargo
De sugar a sugar
Do açúcar ao sal do mar

("Máquina de fazer mar" – 2016 – AGC)


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