domingo, 3 de junho de 2012

AmorBagdá


Com suas plumas e pedras, um canibal correu para sua tribo a anunciar que tinham capturado um soldado norte-americano. “Bom”, disse um dos canibais entusiasticamente, “eu sempre quis provar um hambúrguer de conversa fiada”. O entretenimento dos bárbaros é ver bombas caindo em uma matemática celestial. Na cidade que já foi luz, a multidão já começa a se derreter. De repente estrelas descem do teto. Cidades não são meramente geográficas, os tigres transbordam seus rios. Tigres costumam pular antes de olhar. Mas, seria possível etiquetar um tigre? Quantos deuses podem dançar na direção de uma bússola? Qual o vermelho que saiu do ovo?
Em tua pré-islâmica urbanização circular ainda pulsa a Mesopotâmia e seus palácios das flores. Como uma oração de cicatrizes, Bagdá se ascenderá em cada ressaca de futuro que houver, em cada descampado, em cada máquina espiritual, em cada instantâneo pó. Assim como um poste sabe como acender, e um peixe sabe como boiar, e uma criança sabe como atear fogo no útero da mãe, Bagdá continuará respirando em coma. Porque do caos é que se inventam as estrelas. Cidades caem, mas permanecem as flores. Primaveras crescem por si só.

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