terça-feira, 29 de agosto de 2017

O poeta não só enxerga, como vê a construção
junto de quem constrói, tudo na mais maré mais alta
de oceanos sem margens

Tudo pela clausura móvel da pele,
pelo reflexo de um âmbar, para que a paisagem escape
de sua própria escravidão

Pelo rigor na experimentação e pela experimentação no rigor;
construções em ruínas de construções
– like a slow burn

O chão sustenta o tapete, que fixa
a cadeira, que sustenta os pés
Os dicionários são incômodos,
os nomes provisórios

O voo de um pássaro não se prende a moldura alguma

_ quase nunca o calendário cardíaco corresponde ao calendário solar. o corpo é a medida da concretude das coisas, mas, por outro lado, é na mente que as ideias fluem; daí quem sabe, algumas ilusões geográficas _

É preciso nascer para provocar cortes nas escrituras do passado
Nascer junto com os mortos, escrever e ser escrito

Um dia, a localização poética ainda haverá de ampliar
a localização geográfica

["Slow burn": Máquina de fazer mar (2016, 7Letras, AGC)]

Nenhum comentário:

Postar um comentário