quarta-feira, 9 de novembro de 2016

Estados Unidos do Tédio.
Bandeiras invisíveis ajudarão a raiar o teu novo dia.
E já não importará mais em que mundo se irá nascer,
em que pulso se irá pulsar,
em que telhado de zinco o sol irá caber.
Cada falso herói flutuará no meridiano de um elástico devorar,
no paraíso extemporâneo de centelhas acinzentadas e sereias acidentadas.

Mas, e teus museus de radiação?
Estados Unidos da Ilusão.
O rinoceronte de Ionesco que tanto esperamos talvez esteja em nós mesmos, nos próprios espelhos invertidos de esperanças insensíveis.
Não hesitemos; fechemos os olhos para ver a poeira dos anjos.
O cotidiano está sempre atrasado.
Para uma salvação sem santos – o silêncio visual.

Pessoas – altares vivos – veneram a senhora dos disfarces.
Amante da ação, a deusa EUÁ irá deglutir a noite no próximo intervalo comercial.
Há quem confirme que a senhora da invisibilidade virá para implantar o dia do vermelho, azul e branco em todos os terreiros da confederação.
A senhora dos venenos, há quem diga, virá para ressuscitar ruínas.
Suas estrelas serão da mais alta estirpe em matéria de coação.

Falsos poetas da guerra serão os únicos possíveis nesse imenso poema talhado no céu aberto de um efeito poético poluído de sermão.
Sua guerra será parte do lacrimejar de arquiteturas feitas com fumaça e suor.
De Novalis ao Novo México.
Das granadas de cicuta aos inventários urbanos: a realidade sem loucura ou prostituição.
E a poeira dos anjos será nossa migalha permanente contra a imanência da televisão.
Nada é concreto até que desapareça.


(MENSAGEM AOS POETAS DA GUERRA – AMORAMÉRICA, 2008)



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