quarta-feira, 23 de novembro de 2016

Em cada leveza, um risco
para o grande girassol todo relógio há de um dia engasgar

Manhã violenta violeta
a lua de dentro de uma orelha

Um sábado de sol num playground em Copacabana
alguém sai do inferno assim como quem sai de um banho de mar]

Esquinas espreitam pelas venezianas
e jornais cospem notícias
– todas as cidades são subjetivas

Cansado de correr pelas maquetes da vida
– os aeroportos não cabem nas telas,
os sonhos não cabem nos cofres

De uma cor suave é a distância
– a janela é só espelho e no avesso dela não atravessa nada?

Um túnel surge dentro de outro túnel,
pedras lusitanas rolam por calçadas de tom grafite

Chafarizes lavam as almas,
mas os mendigos continuam sujos

Pluma poema televisão
o homem não afunda na lua do chão

Caiu do décimo andar e foi beber um chope ali na esquina
Mas, como dizer as coisas simples?

(AGC, 2010)


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