domingo, 15 de dezembro de 2013

Futebol (nossa eterna terra do nunca)


Futebol (nossa eterna terra do nunca) 
O futebol, nossa eterna terra do nunca, merece ser teorizado e complexificado. Flamengo &Fluminense são os irmãos Karamasov do futebol brasileiro, segundo Nelson. Ambos já nasceram com a vocação da eternidade &como inimigos; eternos adversários (sociológicos, filosóficos, mitológicos, mas não mortais). O futebol brasileiro possui rivalidades que não podem jamais serem reduzidas a meros binarismos; aqui não é como o futebol espanhol. Temos ao menos 10 times grandes capazes de competir 1 título brasileiro toda vez que o ano começa. Alguém precisa escrever sobre isto. O futebol brasileiro é + complexo do que uma só antinomia ou uma só dicotomia. Não somos sóCorinthians &Flamengo; nosso futebol por enquanto se nega a deixar-se reduzir por uma só binaridade; no Rio, por exemplo, temos 4 rivais. Enfim, eu, enquanto torcedor, reconheço a tradiçãodo Flamengo enquanto adversário &oponente do Fluminense e, se ainda que inimigo dentro das quatro linhas, não inimigo mortal. Como diria Nelson, nem a morte nos exime de nossos deveres clubísticos. Assim sendo, escrevo aqui este texto.Todo torcedor é um vândalo emocional; eu também, inclusive. No entanto, a mídia tem tratado o Fluminense na última semana praticamente como se tal clube tradicional fosse o novo Lalau da vez. Chegou-se ao ponto do presidente Bandeira de Mello falar em um golpe, como se os tricolores fossem golpistas. É muita leviandade associar o Flu ao governo militar (ainda mais sabendo que a denúncia de irregularidade partiu da CBF). Penso que o Bandeira Leviano de Mello deveria falar menos como torcedor e mais como presidente de uma instituição tradicionalíssima. Já foi triste ver o tal Bandeira de Mello cantando em um vídeo a música do chororô (paródia ao também tradicional Botafogo). Penso que o Bandeira deveria aprender algo com Pelé, que consegue dividir-se entre persona e pessoa; Édson e Pelé. Dito isto, só chamei o time do fla de time do roberto marinho” em resposta ao Bandeira associar o flu ao golpe militar, mas penso que é deveras redutor chamar, por exemplo, também o flu de, atualmente, “time do celso barros” ou fla de time “estatal” (contando os anos de patrocínio da petrobrás & agora caixa econômica). Isto dito, estamos num país que, se fosse realmente serio, já teria tido casos de falências de times tradicionalíssimos, como aconteceu na Itália (embora os italianos tenham tradição em matéria de corrupção), por exemplo, no caso em que a Fiorentina foi declarada judicialmente falida. Nesta lista brasileira o Flamengo, Vasco & Fluminense já teriam falido, respectivamente, claro; já que os flamenguistas são os maiores devedores. Por exemplo, onde teria ido parar Edmundo Santos Silva, a ISL, a máfia russa de Kia Jorabchian do caso corintiano, Eurico Miranda, a Arena Corinthians, o superfaturamento do Maracanã? A lista é extensa e envolve, também, o Fluminense. Nas maiores vergonhas de todos os tempos do futebol brasileiro colocaria no meu top 10 a semi-final da Copa Libertadores de 1980 em que o juiz José Roberto Wright claramente favoreceu o Flamengo & também a virada de mesa promovida por Eurico Miranda (Vasco) para encobrir a CBF de1 esquema de compra de juízes promovido pelos presidentes de Corinthians & Atlético-PR; no entanto a imagem daquele ano que ficou marcada foi a da figura de bufão decadente Álvaro Barcelos & sua champagne. A lista é extensa e, penso, que cada torcedor tenha o seu Top 10.
 Isto também dito, penso que deveríamos ter uns 20 times tradicionais do futebol brasileiro com lugares fixos no campeonato brasileiro que poderia ter até + times do que o número atual; seria justo. O futebol brasileiro se confunde com a história destes aproximadamente 20 clubes: Corinthians, Palmeiras, Santos, São Paulo, Botafogo, Flamengo, Fluminense, Vasco, Atlético-MG, Cruzeiro, Bahia, Vitória, Grêmio, Internacional, Coritiba, Atlético-PR, Sport, Goiás. Tais times são patrimônios imaterias & imateriais de nosso país; tais clubes fazem parte da cultura brasileira. Se tombamos ruínas, qual o problema em tombarmos times de futebol? Seriam os times menos abstratos que as ruínas e suas memórias? Penso que esta é uma questão a ser pensada. Não vejo problema algum em assumirmos criticamente isto: somos ainda um pais mais de capitanias hereditárias (herança portuguesa) que de uma meritrocracia solidamente estabelecida; temos que ligar reiteradamente tradição e novidade; meritocracia & tradição não são necessariamente antônimas. Eu, como torcedor, por exemplo prefiro muito mais ter o Vasco como adversário do que a Chapecoense. Fico triste com a ruína vascaína; os vascaínos abasteceram o campeão Cruzeiro com 2 jogadores fundamentais (Dedé & Nílton) & agora estão cedendo o meio-campo Marlone. Fico triste de ver o Vasco destinado à herança portuguesa da palavra saudade; herança esta que todos nós brasileiros temos em graus variados. Nunca é demais lembrar que o primeiro jogador negro jogou no Vasco. Enfim, ainda assim, mesmo eu defendendo teoricamente o Vasco, por lei, o Fluminense deve, por meritocracia jurídica, permanecer ma primeira divisão; a Portuguesa realizou o que bem se poderia denominar de piada de português. Aos mais de 30 minutos passados do segundo tempo de 1 jogo que nada valia, a lusa resolve colocar o jogador irregular neste jogo que de nada valia; nada valia porque agora vale. Assim é a lei: os times que assinaram participação no campeonato brasileiro sabem que se cometerem tal infração perderão 4 pontos tal & qual o grêmio “prudente” perdeu em 2010. A regra é clara ou não é? Se não for há que se ressucitar o grêmio prudente para a série A junto à Portuguesa. Se a lei não for clara, não nos servirá de nada. A lei pode até ser discutida filosoficamente, como o fez um filósofo paulista admirador da lusa no estado de são paulo, essa última semana. No entanto, uma lei não pode ser mudada ou revogada durante um processo já em curso; como também não podem ser distorcidos os fatos, se isso ocorrer não teremos mais lei. 
Enfim, já ví um time ir do pó ao pó & ressurgir das ruínas. Ví um Carlos Alberto Parreira & um Branco jogador (com a barriga quase do tamanho atual da de Romerito) fazer ressurgir das cinzas 1 Fluminense; frente à esse ressurgimento a ressureição do time dos guerreiros é pato). Portanto, se não houver lei neste caso, o Fluminense viverá & ressurgirá das cinzas novamente junto de seu fiel escudeiro Darío Conca, posto que é imortal (tal qual o tricolor gaúcho de Lupicínio). Se bem que, hoje em dia, para um clube manter-se imortal, após a lei Pelé (Pelé & não o Édson), há que se ter um mecenas por de trás ou, então, ser macomunado com o Estado & com empresas estatais. Vivemos numa época do $ (infelizmente para uns, felizmente para outros) & money doesn’t talk, it swears, como diria Dylan. 
Sou totalmente contra chamar flamenguistas de mulambos (em referência à Maria Mulambo & também ao fato de as mais importantes entidades da macumba serem vermeho e preto, como Exu & tantos outros) & os tricolores de florminenses (em referência ao pó de arroz que1 jogador preto teve que colocar para ser aceito num campo de brancos. no entanto, muitos anos após tal episódio o fluminense teve ídolos negros comoveludo, didi, waldo & assis). Isto me parece desrespeitar as 2 tradições, embora no campo lúdico da paródia seja compreensivel e até saudável. Temo que se tal brincadeiras continuarem, acabaremos algum dia nos chamando de hienas. Enfim, estamos perto do dia 17 de dezembro, data em que os gregos comemoravam a Saturnália (festa tão interessante quanto o natal). Prefiro terminar este texto pensando nesta espécie de carnaval saturnal dos gregos. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário