terça-feira, 4 de outubro de 2016

Pratos e copos já podem se quebrar
sem nenhum escândalo
flor ausente
mar em carne viva
paraíso exterminador

palavras somem pelos guardanapos
janelas e desfolham como bandeiras
olhos transbordam pelas pétalas dos teus pelos

acompanho tuas pegadas como se fossem cidades
todas as manhãs jogo minhas asas mortas
nas águas desguarnecidas de algum mar


Happy and
no museu do infinito 
os passos parecem dançar

Só o vento tece o tecelão da paisagem
Lá fora a multidão continua fria
fria

Desmorona o dia nos andaimes de claridade
Na cidade de cal e sonhos
todos os prédios são sustentados por uma ilusão

O engenheiro viu o mundo turvo
na pavimentação do céu
no vazio vazado das paredes
no pulsar dos muros
no gosto amargo da vitória
na agonia dos vencedores
no monótono troféu

O anzol de rampas e viadutos acaba de cravar seu último raio
Quatro asas flutuam rumo à outra eternidade

(“Lullaby” – AGC – Os tigres cravaram as garras no horizonte [2010])




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