terça-feira, 4 de outubro de 2016

Palavras são pedras e dias são mapas,
poetas criam sua própria ilha em um oceano de céu

Tudo desaba em um grande oceano de céu,
todos os minutos perdidos se reúnem aqui

As pedras dormem,
o pássaro é o umbigo da paisagem

Enquanto isso a avenida acorda em obscuro delírio,
delicada treva

O homem se torna a fronteira mais tênue,
o poeta esculpe suas sombras,
tudo não passa de um oceano de céu;
esquinas e mais esquinas de abandono

Anjos da destruição professam ao redor
teus espaços sequestrados

Em qualquer queda ou voo teus dados
desesperam o encaixe do mundo

Os desertos ardem,
os braços desenham o caminho

Todos os futuros estranhados se desassombram agora
– os sonhos não cabem nos cofres

Arrepios de jardins além dos muros
clareiam os bustos das estátuas em fina flor

As mãos latem que o corpo é o maior palco da vida,
você bem nos ensinou, mas a quem pertence teu relâmpago?

Escultor de folhas secas,
profeta do fundo do mar

Tuas rochas sustentam o impossível;
as superfícies não têm mais fim

De todas as meias-noites criva teu grande borrão
em um véu tão leve que nem se repara no choro
do grande sossego das coisas

Teus reis se rasgam,
todas as faces se confundirão um dia
na tua solidão plástica

Estamos aqui para assistir você tomar posse da luz,
acolher luz, conquistar luz;
sequestrar Espaços

(“Rainer Maria Rilke” – AGC – Os tigres cravaram as garras no horizonte [2010])



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