quinta-feira, 22 de setembro de 2016
PÓLEN
O masculino e o feminino se diluem nas ruas
que são rios de nuvens
Os relâmpagos rugem pelas persianas elétricas,
nas avenidas de sombras magnéticas a nos percorrer
Os cílios tremem com uma lua grava na pele
Quantos óculos escuros cabem numa nebulosa de luva?
O passado espera em gavetas dissonantes e
afunda a cabeça por travesseiros em chamas, pólen
Há pólen no jornal enlatado,
pólen nas doces guitarras e pálidas telas;
pólen nas agressivas estrelas,
pólen nas tragédias grávidas de turbinas e girassóis
(As parabólicas são as mães dos segredos. As buzinas não emocionam mais.)
O dia lê a noite; a lâmpada lê o fósforo;
a estante lê o livro; o dicionário lê o instante;
o grito lê o silêncio
O transe do engenheiro quer abolir a noite e
declarar guerra às flores
Um girassol pode incendiar o incêndio
Um guarda-chuva pode gerar a tempestade
Somos todos máquinas de assombrar o tempo
Por isso mesmo não se deve comer os bilhetes de loteria
(AGC - Os tigres cravaram as garras no horizonte [2010])
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