Te encontro pelo avesso; nas sombras das estátuas
Os sonhos são ancoradouros do nosso absurdo
Astronautas trazem na pele um sol sonâmbulo; homens de aço
e de treva – a lua dá o eixo por onde se flutuar
Astronautas entregam às feras suas cicatrizes
incandescentes como qualquer manto de pó
Mares se enfurecem sob seus pés
Os assombros incendiarão suas asas
Estas são suas núpcias de fogo; este o mundo de átomos e
de estrelas que despenca para sempre
A incerteza é a religião dos tigres
Seres em chama se alimentam da poeira dos acasos
Mas, e o que foi feito das manchas solares?
E, quantos sonhos vermelhos sustentados por suas garras?
Quando os grandes prédios dormem
Tigres desmoronados atravessam as galáxias
Dinossauros são pedras de escândalo
O vampiro é o rei da escassez
O coro é implacável
Quando os grandes prédios dormem
Este é o lugar onde os planetas nascem ao contrário
– raio sem trovão,
precipício sem margem,
náufrago sem destroços;
âncora sem mar
(AGC - Os tigres cravaram as garras no horizonte [2010])
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