Não de vento os formei, mas do meu barro.
Não lhes dei sentimento, mas meu
sangue.
Acolhe-os, pois, ainda que sejam
turvo
rio a cruzar as terras que erigiste
no teu sonho maior, mesmo que sejam
somente um vago eco, um arfar penoso
de barro, solidão, de cinza e sangue.
(...)
É como um grande soluço:
Mariana.
São velhas casas pedindo
um pouco de amanhecer.
São velhas casas sonhando...
São velhas casas sonhando...
Parece que vão morrer.
É como um grande soluço:
Mariana.
Navegas por entre luzes
que te recordam, na sombra
dos teus olhos,
um passado dolorido,
um passado que não viste
e que entretanto é bem teu.
Carregas na carne aflita
uma carne que morreu.
E é como um grande soluço
de mil torres,
de paisagens exaustas,
um soluço
sufocado:
Mariana.
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