domingo, 26 de março de 2017
Máquina de fazer mar – AGC – 2016, 7Letras
Sugar o açúcar e lhe devolver o sugar
Sugar o açúcar e lhe devolver o amargar
De sugar a sugar
Do açúcar ao sal do mar
As cascas das palavras
O sol da largura de um pé humano
O mar aberto vigora em tudo o que brilha
– que sabe brilhar sem e para além das lantejoulas
São os cartazes que sustentam o ar
Um soco de sol no rosto de quem chove
Uma sombra líquida a nascer no oceano invertido de seu ventre
Mínimos silêncios demoram para se fazerem verbo
Alguns navios eram mesmo ancorados no espaço
Amantes inexatos flutuavam na água,
radiantes cadáveres fingidos se equilibravam
em mais um verão inventado;
dentro de uma voragem portátil a se navegar
Eram eles: arqueólogos do instante, argonautas
da falta, escafandristas
do presente, cosmonautas
do desejo
A mais abissal imensidão de um mar não encerraria
sua mais sólida profundeza:
seu precipício não mais pararia de se renovar;
o oceano não seria fim nem princípio,
era meio
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