terça-feira, 29 de março de 2011

Warhol TV (por Augusto de Guimaraens Cavalcanti)












Dial M for Model.
Pense na arte como uma oração fúnebre. Valorize mais a moda do que a arte. Pense na tristeza dos desalmados das câmeras. Pense na Warhol TV. Pense nas publicidades em mosaico, pense nas propagandas sendo propagadas por cerca de milhões de telas germinando. Pense no futuro sendo moldado pelas grandes telas, nas imensas latrinas de futilidades. Pessoas camufladas em rótulos, nomes se esvaindo pelas revistas. Pense nos astros televisivos evaporando pelas programações, como tigres encurralados, pense nas notícias velhas. Os elefantes nunca esquecem. Pense em forma de raio X, pense em suas flores liquidadas tropicais. Toda pessoa deveria ter uma televisão estática em casa, como um navio ancorado no ar, como um suspense em suspensão. Até os americanos são capazes de terem questões existenciais. Sorria com chumbo entre os dentes. Dial M for Model. Pense no POP como um gigantesco enterro em procissão; mais suave do que os fios que tentam captar seu som. Pense em um monstruoso zapping de televisões que estivessem sempre “on air”. Pense em um artista cuja existência inteira racionou como poderia virar um produto e ao mesmo tempo seu próprio réquiem. A descrição não combina com o espanto dos espelhos. Pense em um anjo vindo de Pittsburgh; um anjo de antenas, e não de aureólas. Um anjo tão banal quanto o nosso tempo. Pense nos olhos gordurosos e as pálpebras de sucata. Acabou de vir a velha menstruação de Brigitte Bardot depois de cinco anos, não é fantástico? O que é a POP Art? Este anjo trôpego a pisar sobre mentiras patológicas, males necessários para o sucesso? Só o POP salva? Pessoas são mais alegres no sol? Pense na simultaneidade de uma inédita escada de emergência, tente estar entre o céu e a água; à beira mar. Deite por travesseiros em formas de pessoas, pelo interior das pestanas a morte pode render muito dinheiro. Warhol queria ser enterrado de jeans. Pense em Warhol usando jeans, sepultado como um mágico que dissipa seus truques desperdiçados. Pense no prazer de uma sombra. “Sempre suspeitei que estava assitindo televisão ao invés de viver a minha própria vida”, ele dizia.....Pense na Warhol TV. Pense se a maquiagem falhar.

domingo, 13 de março de 2011

"Cronópios / Literatura Contemporânea"

O site portal paulistano "Cronópios / Literatura Contemporânea" acabou de publicar com destaque 3 poemas meus do meu último livro "Os tigres cravaram as garras no horizonte", o que muito me emocionou. As ilustrações estão lindíssimas, agradeço ao artista plástico Pipol. Para quem quiser conferir, aqui segue o link:
http://www.cronopios.com.br/site/prosa.asp?id=4932

sexta-feira, 4 de março de 2011

Carnaval (o processo)








Acolher destroços, como quem apanha uma nuvem inquieta, intempestiva como uma jóia. Quarta-feira cinza, destroços de uma quarta-feira cinzenta, nocaute que no final das contas não quer dizer nada + do que já diz.......... Recolher migalhas como quem replanta as cinzas, semeia furacões.