quarta-feira, 17 de março de 2010

Para Heath Ledger


Why so serious? Let's put a smile on that face.

O cotidiano está sempre atrasado. Coloque seus óculos de pólvora e parta para os fios do real sensível. Frature a ilusão. No avesso tudo pode se articular. Na fauna urbana dos monstros encantados. No cine-sensação do mundo esvoaçante e transitório das vísceras do próprio herói. Dos gregos e suas muralhas supostamente imunes ao tempo.

Queria julgamentos da história, Queria o fim do sono. Queria devorar as musas, mas agora o civilizado nu suspende suas mãos pegando fogo no cinema da rua. Nada é concreto até que desapareça.

Empilhar relíquias. A Multidão violenta da televisão flutua em cima de uma pedra com o globo ocular no universo. Na paisagem da boa digestão o poema é o transe. O poema é o transe. Jokerman, na gramática do equilíbrio o véu do Éden pode ser dinamitado. O rei da velocidade em um mundo teleguiado é também a máquina de fraquezas. Slides simultâneos de trânsitos. Para uma salvação sem santos - o verbo visual.

Mas a providência messiânica das capas de jornal não contém a fúria da solidão das galáxias. Queria que a paisagem fugisse de sua própria escravidão. Quebre a garrafa e derreta espelho, faz tuas colagens de presentes. Max Ernst já nos deixou bem claro que "não é a cola que faz a colagem". Mesmo assim você ainda fez muito bem em tentar teu suspiro oceânico na Tropicália do dilacerado.

O cotidiano está sempre atrasado. Nada é concreto até que desapareça.